Ventilador ar forçado fraco, o que fazer?

Diplo87 escreveu:Dá pra tirar o motor e dar um trato nele, tipo limpar o coletor e ver com estão as escovas, é um trampo chato tirar ele do lugar mas dá pra fazer sim, creio que o seu pode estar com as escovas muito sujas pq é um item que a maioria nem usa, as vezes só uma boa lixada no coletor melhora.

Tem um amigo aqui que fez isso veja neste tópico: https://opaleirosdoparana.forumeiros.com/t1695p125-deluxo-74-ss-73-instalando-o-4100

jeanbuzzello escreveu:Povo, ventilador do ar forçado de vocês também é fraco?

Eu estava com a ideia de abrir ele pra lubrificar e limpar pra ver se melhora um pouco, mas um eletrecista me falou que não adiantaria muito pois os componentes do ventilador perdem a eficiencia com o tempo.

Alguem ja viu/fez alguma adaptação de ventilador de outro carro para o opala?

O meu (o que está no carro) gira forte e "silencioso". Claro que o ruído vem mesmo (e tão somente) do ar soprado nos dutos.
Eu comprei faz coisa de um ano uma caixa de ar quente de opala. É um projeto em andamento (e parado por algum tempo) cujo objetivo é melhorar a caixa do ar quente do opala. As melhorias a serem feitas consistirão em tirar ruídos que suas partes móveis provocam quando o carro passa em buracos e consertar definitivamente o crônico problema daquelas malditas abas que direcionam o ar para os pés ou para o desembaçador do para-brisas. Elas nunca fecham ou abrem completamente, fazendo o ar "vazar" pelo caminho onde não deveria: se o ar é direcionado completamente para o para-brisas, ele também vaza para os pés e se é direcionado todo para os pés, ele vaza para o para-brisas, uma vez que as abas nunca vão até o final do curso.
Como já adiantei a parte do motor do ventilador, vou colocar aqui o que fiz:

O ventilador da caixa que comprei girava bem, mas emitia um rangido alto, contínuo e pavoroso de falta de lubrificação. Porém, antes de qualquer coisa, é preciso alertar que se o ventilador cair no chão durante o manuseio, a chance de condená-lo à sucata é grande. A hélice plástica é frágil e uma queda tem 100% de chance de quebrar uma das pás, o que desbalanceia o conjunto. Também tem uma boa chance de que o impacto quebre um dos imãs que fazem papel de estator e que ficam colados por dentro da carcaça, o que resultaria igualmente no fim da vida do ventilador.
Voltando ao que interessa, primeiro desmontei a caixa do ar quente e removi o ventilador que lá estava (ver foto 1). Prendi o ventilador pela carcaça do motor em um morsa de bancada sem exagerar no aperto para não entortar o metal. Segurei o cubo plástico da hélice com cuidado e forcei-o de leve e sucessivamente no sentido transversal ao eixo, tentando detectar folga nos mancais (setas da Foto 1). Se houver, já sabe que tem que  embuchar os mancais. Embuchar vai sumir com o ruído. Pingar óleo nos mancais funciona por muito pouco tempo (uns 3 a 6 meses) e não considero uma solução porque depois que o óleo evaporar o ruído e/ou a perda de desempenho volta. Como o ventilador é de difícil acesso, acho que você não vai querer ficar desmontado essa traquitana a cada 3 a 6 meses. Eu adoto a solução da gota de óleo de motor nos mancais dos ventiladores domésticos aqui de casa porque aqui no sul temos calor de 3 a 4 meses POR ANO e a maioria dos ventiladores domésticos não necessitam de desmonte para pingar óleo no mancal traseiro e dianteiro.
Na peça em questão não havia folga, mas havendo ou não, é inexorável desmontar, pois o ruído não é normal. Comecei a desmontagem cortando a fita isolante que prende os fios do motor e soltando os dois parafusos da foto 2.


Foto 1: o motor do ventilador da caixa de ar quente. As setas indicam o sentido da folga no mancal dianteiro, caso haja.


Foto 2: removendo os parafusos de fechamento do motor.

Não é obrigatório começar pelos parafusos. Também pode-se começar sacando a hélice plástica. Mas quem estiver com o ventilador inoperante, recomendo começar por estes parafusos, pois esta ordem permite o acesso ao induzido antes de retirar a hélice plástica. Este motor de ventilador é do tipo com estator de imãs permanentes, sendo que os enrolamentos ficam no induzido. A remoção dos parafusos da foto 2 deve ser feita sobre uma bancada, pois as porcas na ponta destes parafusos (foto 3) CAEM quando eles são retirados. Como são bastante pequenas, podem se perder. Aliás, recomendo que todos os procedimentos sejam feitos sobre uma bancada por causa dos riscos de danos já elencados anteriormente.


Foto 3: as porcas dos parafusos de fechamento do motor.

Retirada a carcaça metálica do motor (que contém os imãs) tem-se a visão da foto 4.


Foto 4: o induzido exposto.

 A partir de agora é possível fazer a inspeção visual dos enrolamentos do estator. Aqui neste link http://www.sotofilhos.com.br/biblioteca/Noticias/Causas,%20Danos,%20Queima,%20tipicas%20de%20Falhas%20em%20Enrolamentos%20de%20Motores%20Eletricos%20Trifasicos.html vê-se fotos de enrolamentos com os sinais de curto-circuito. Em muitos casos, os ventiladores começam a perder rotação antes de queimar. Se não houver sinais claros de queima ou pré-queima, pode-se passar para os testes no multímetro. Os testes de multímetro são os mesmos feitos no rotor do motor de partida Delco-remy-arno (https://opaleirosdoparana.forumeiros.com/t39647-manutencao-preventiva-e-corretiva-do-motor-de-arranque-arno-delco-remy).
Se o induzido não passou pelos testes e não houver intenção de rebobinar seus enrolamentos, pode-se parar por aqui. É por esse motivo que quem estiver com o ventilador inoperante deve começar pelos parafusos da foto 2. Se houver intenção de rebobinar os enrolamentos ou necessidade de troca das buchas dos mancais, passa-se à etapa obrigatória de sacar a hélice, pois não é possível montar o conjunto novamente sem retirá-la previamente.
No meu caso, o ruído contínuo e forte que se ouvia era proveniente da entrada de água no motor em algum momento do passado. Na foto 4, é possível ver na ponta do eixo, bem onde fica o mancal traseiro, a presença de ferrugem.
Para corroborar, no fundo da carcaça do estator, onde fica o mancal traseiro, havia mais ferrugem e sinal de empoçamento de água (foto 5).


Foto 5: sinais de acúmulo de água no mancal traseiro.

Com certeza essa caixa de ar quente estava em algum carro que estava nas últimas, talvez em algum pátio de DETRAN ou desmanche, sem o para-brisas. Lavei a peça da foto 5 em rás com auxílio de um pincel.
Para retirar a hélice, é necessário calçá-la com um tubo metálico do diâmetro exato indicado na pelas setas na foto 6, posicionar um pino de menor diâmetro do que o eixo no local indicado na foto 7 e levar o conjunto até uma prensa.


Foto 6: indicação do diâmetro do tubo para calçar a hélice.


Foto 7: local a ser puncionado para a separação do induzido.

Mas como não tenho prensa, fiz como diz o ditado: "quem não tem cão, castra o gato"... ou coisa parecida. Foi com vergonha que usei um pedaço de cano de PVC com um pano embolado dentro para fazer o papel do tubo metálico. O pano dentro do PVC é necessário para evitar que o induzido sofra impacto ao se soltar da hélice. Bati com um martelo um prego grande de cima para baixo onde indica a seta na foto 8.


Foto 8: a seta indica o local onde o prego foi posicionado e "T" é o cano de PVC.

A foto 9 mostra o meio do processo, com o eixo do induzido já saindo da hélice.


Foto 9: separando a hélice e o induzido.

Removida a hélice, a tampa superior que contém o porta-escovas é atrelada ao eixo do induzido por um anel do tipo sieger, mostrado na foto 10.


Foto 10: anel sieger que prende a tampa superior com o porta-escovas.

A retirada do anel sieger é simples e óbvia mas cuidado para não perder as arruelas que servem da calço e que ficam logo abaixo dele.
Agora foi possível separar a tampa com o porta-escovas e o eixo do induzido. Lavei em rás a tampa do porta-escovas junto com as escovas, sem desmontar nada por ali, já que não precisei trocar as escovas. No eixo do induzido, entre a tampa do mancal dianteiro (que contém o porta-escovas) e os enrolamentos do induzido, há ainda uma arruela de filme plástico. Cuidado para não perdê-la.
Na foto 11, limpei com um pano levemente embebido em rás a região "A" do eixo. Os enrolamentos do induzido não devem entrar em contato com solventes do tipo benzina, rás, thinner, etc... pois eles tem um verniz que pode ser danificado por estes líquidos. Se necessário lavar os enrolamentos, melhor borrifar wd-40 neles e passar uma escovinha de dentes velha.
Na parte "B" (o coletor) passei uma lixa finíssima para melhorar o contato elétrico. Na parte "E" tive de fazer o mesmo por causa dos vestígios de ferrugem que também estavam presentes ali. A ferrugem em "E" poderia prejudicar a recolocação da hélice no eixo. Em "A" e "D" eu passei uma película de graxa branca, bem pouca mesmo. "C" é a arruela de filme plástico que mencionei anteriormente.


Foto 11: o eixo do induzido

Com o eixo do induzido pronto, peguei a tampa com o porta-escovas já limpa e coloquei uma braçadeira plástica do tipo hellermann conforme mostra a foto 12 para manter as escovas recolhidas.


Foto 12: preparando a tampa superior (com o porta-escovas) para a montagem.

Em seguida, encaixei o induzido dentro da carcaça do estator, coloquei a tampa com o porta-escovas no eixo do induzido e puxei a braçadeira no sentido indicado pelo seta vermelha da foto 12, liberando as escovas. Recoloquei os parafusos e porcas da foto 3, as arruelas de calço e o anel sieger no eixo.
Agora, foi só recolocar a hélice  no eixo do induzido. Usei um soquete número 8 em cima e no centro da hélice plástica, posicionando o motor, a hélice e o soquete conforme as fotos 13 e 14 na morsa e fui fechando os mordentes até que a ponta do eixo do induzido ficasse nivelada com a superfície do cubo da hélice.


Foto 13: posicionando as peças para unir motor e hélice.


Foto 14: posicionando as peças para unir motor e hélice.


Foto 15: a ponta do eixo do induzido já nivelada com o topo do cubo da hélice.

Por fim, coloquei nova fita isolante para prender os fios na carcaça e uma braçadeira hellermann por cima, já que não confio nessa fita isolante que vendem hoje em dia. Energizei o motor do ventilador e ele funcionou rápido e silencioso como deveria.


Foto 16: a nova fita isolante e a braçadeira

jeanbuzzello escreveu:Povo, ventilador do ar forçado de vocês também é fraco?

Eu estava com a ideia de abrir ele pra lubrificar e limpar pra ver se melhora um pouco, mas um eletrecista me falou que não adiantaria muito pois os componentes do ventilador perdem a eficiencia com o tempo.

Alguem ja viu/fez alguma adaptação de ventilador de outro carro para o opala?

Marcos Adriano escreveu:muito bom

Diplo87 escreveu:Este ventilador é bom, para o que ele faz, não precisa adaptar um mais forte, quando ele funciona bem é mais que suficiente.
Se fizer essa geral fica top.

jeanbuzzello escreveu:Carai, muito bom!! Obrigado Müller e opala4cc, esse é o tópico definitivo sobre ar forçado, muita informação!