Para quem não me conhece, meu nome é Rodrigo, tenho 30 anos e moro em Gravatai-RS, à cerca de 20 kms de Porto Alegre. Possuo à cerca de 4 anos um Opala Gama 1977, 4100 250-S, com direção hidráulica, adquirido de sua primeira dona, possuindo chave-reserva original, manuais, notas fiscais e outras alegrias. Diz a lenda que em 1989 a antiga dona ficou impossibilitada de dirigi-lo ficando o mesmo guardado desse ano até o final de 2002, em garagem fechada no bairro Vila Nova em Porto Alegre. Nessa ocasião, o mesmo foi “ressuscitado” pelo neto da mesma, ganhando placas cinzas, retífica completa de motor e revisão total dos sistemas de suspensão e freios, totalmente avariados pela inatividade. Circulou por pequenos trajetos até que o comprei, em 2006.
Dessa data, quebrados foram dois motores, duas embreagens e um diferencial em provas de arrancada e borrachões, até que eu compreendesse que um carro desses não sobreviveu 30 anos para ser esmerilhado sem pena. Depois de muitos reais jogados pela janela decidi mudar minha proposta e curtir o mesmo em “arrancadas esporádicas”, mas principalmente em viagens e passeios, onde poderia desfrutar de todas as suas qualidades.
Depois disso, um diferencial Dana 44 (Maverick) sanou o problema das quebras, juntamente com a retifica do motor. Ganhou rodas cromadas tala 7,5 pol ‘ 15 na traseira com pneus Cooper Cobra novos (um toque Street Hod), volante SS encapado no tom do interior (caramelo), CD player na posição de um antigo Tojo, sem cortar o painel, e pronto...
Já havia feito algumas viagens ao litoral gaúcho, cerca de 200kms sem problemas. Mas como todo carro antigo, tinha certo receio de caminhos mais longos. No final do ano passado, acertamos eu e minha namorada uma semana na praia de Garopaba-SC, distante cerca de 445km de onde moro. Não avisei nada pra ela, mas decidi ir de Opala. Afinal, conheço a vida útil e sei quando foram trocados a maioria dos componentes mecânicos do mesmo. O carro estava revisado, mas o receio permanecia. 1000 quilômetros tinha levado seis meses para andar!
No dia 31-12 revisei novamente todas as correias, cabos e fluídos. Ainda fiz a geometria como precaução. A única loja aberta na véspera de ano novo, em Gravatai, nunca havia entrado, afinal é pátio de manobras de “espaçonaves”. Ledo engano, fui muito bem atendido, o serviço de primeira e barato. E vejam na parede de fundo o carro desenhado... isso parece uma doença...
Saímos no domingo 03-01 pela manha, pegando a BR-290 (free-way), com trafego razoavelmente pesado. Cerca de 80 km em médias de 100/110 km/h sem problemas, consumo ok e temperatura idem... Primeira parada no parque eólico de Osório-RS, aos pés dos cata-ventos gigantes. Quem conhece sabe como são impressionantes!
Segunda parte: mais uns 100 km pela estrada do mar, até Torres-RS, divisa com SC. Essa rodovia é cheia de radares e a velocidade não pode passar de 80: tudo tranqüilo até o Km 60, onde no trevo da praia de Arroio do Sal, um engarrafamento de uns 5 kms... momento de tensão... meio dia, um sol de quase 35 graus... era um olho no “TEMP” e outro na estrada... sem problemas, o mesmo não saiu do primeiro quadradinho. Parado no congestionamento, ouvindo aquele “Glub Glub” do seis canecos, eu imaginava meu dinheiro indo para o ralo ao som da marcha lenta. Mas meu amigo foi generoso e o “COMB” pouco se mexeu...
Nesse ponto da viagem, era interessante notar a reação dos passageiros e motoristas dos outros carros. Alguns apontavam fazendo sinal de positivo, outros tiravam fotos e quando tinham a oportunidade de emparelhar sempre perguntavam o ano e faziam um elogio, enfim, curtindo tanto quanto eu e minha namorada aquela barca bege amarelada em meio a multidão de carros pretos e pratas de 2010...
Atravessamos para SC, mais 40 km até Sombrio. Pit Stop para a patroa, completamos o tanque e a média do Opala, com o engarrafamento: 7,8 km/l. Tudo sob controle. Acredito que por ser um Gama, a 4º do meu carro é muito longa, o motor sussurra em velocidade de cruzeiro. Via BR 101, parcialmente duplicada, médias de 100/110, e tudo tranqüilo. Tiro direto até Garopaba, que não conhecia e recomendo a todos, é belíssima e acolhedora.
Na praia, além de muito sol, mar limpo, camarão e siri na casca, utilizei o carro para ir ao centro em pequenos trajetos, e foi incrível a reação das pessoas. A turma de SC é muito gente boa, curtem carros antigos pra caramba, e na mesma praia uma quantidade enorme de paranaenses, paulistas, gaúchos e até cariocas e mineiros, a todo momento eu era abordado por pessoas de todas as idades e classes sociais querendo ver o carro, tirar fotos e bater um papo. Muito legal! Carro antigo é uma máquina de fazer amigos. Até alguns argentinos vieram me perguntar “que Chevy era esse”... disseram que o acharam muito bonito e parecido com o Chevy II, versão argentina do Chevy Nova do começo dos anos 70. Era engraçado, eu tentando explicar para o argentino, cara de meia idade gente boa e super educado, resumindo a história do Opala na frente do Buffet de Sorvetes...
Foto na praia do Siriú, onde fui no dia 05-01, cerca de 7 kms do centro de Garopaba, estrada de chão de razoável conservação, atravessada com carinho e 2º marcha, muitas (muitas mesmo) toalhas forrando os bancos na volta... Recomendo pois a praia é linda.
Dunas (gigantescas) onde se pratica o Sandboard: aquela manchinha bege lá embaixo é o nosso carro...
Voltamos no domingo dia 10-01. Parando em Laguna (Shopping Ferju, bermudas à 12 pilas hehehe....) , no japonês em Sombrio e Osório (pit stop da patroa) velocidade de 100/110, na BR 101, acompanhando o trânsito, recebendo quebradas de pescoço e cumprimentos de faróis de ônibus e caminhões, e a média final de 8,2km/l.
Foram cerca de 1000 kms sem problema algum, feitos com muita alegria e satisfação. Cheguei em casa descansado, o carro em perfeito estado e com um sentimento enorme de recompensa e dever cumprido. Um banho total com capricho no meu amigo, e planos cada vez mais claros para “tiros” mais longos, como Uruguai, Minas (visitar um tio gaúcho que mora à muito lá e é louco por Opala), e num futuro, Chile, atravessando a cordilheira dos Andes... por enquanto, um sonho. Mas meu amigo provou que é valente, cada vez mais confio e acredito nesse belo veículo, que já viveu momentos importantes, bons e ruins da minha estória e hoje é como um membro da família...
Curtam seus carros amigos! O que se leva da vida são os momentos felizes!
Um ótimo 2010 a todos!
Rodrigo Abreu
Gravatai-RS
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